4 de dezembro de 2007
Dóis-me
14 de outubro de 2007
Mais tempo
Não insistas em ver para lá das casas. Não penses que... Não analises. Não me analises. Sou só eu. Assim. Nua à tua frente. Despida de máscaras e maquilhagens. Mas não apontes o sinal que. A borbulha que. O cabelo que. Por estar assim, tão exposta, peço-te que... Esquece. Ou, não lembres. Esquece a cor dos olhos e tudo o que sabes. Porque me vou inventar agora. Aqui. Porque só aqui existo. Só aqui sou esta que lês. Só aqui as minhas palavras assim. Aqui e...
Escrevi tanto. Porque senti tanto. Tanto sempre. Páginas e páginas de cadernos. E outros cadernos e folhas e guardanapos de papel. Sempre o pretexto de. Estar perto. Páginas escritas em cafés. No trabalho e em casa. Em todas algumas pausas. Ou, não pausas. A vida em pausa, afinal. E eu a escrevê-la. E enquanto escrevia, enquanto agrupava as palavras... Não sei se escrevia a vida. Ou se a fui escrevendo. Não sei se o antes ou... Em cafés. No trabalho e em casa. Em jardins onde só ia para escrever. Para a escrever. E assim inventava o cenário. Pintava árvores e bancos e pessoas e... Sonhava todos os sonhos. Vivia todas as angústias. Tudo muito bem estruturado na folha onde. Ou então, tudo desorganizado na folha onde. Vês? Crio assim e invento assim e altero, risco, escrevo por cima, sublinho ou não. Que importa...
Sabes onde estás? Ouve o segredo das ondas que. Da onda que.
Não fui eu. Nunca quis... Os anos e anos ou meses e meses em que increvi palavras em cadernos, folhas, mais cadernos, mais folhas, todos esses anos e meses fui adoptando novas formas de te dizer. De te escrever. E se estou aqui assim, nua à tua frente, então não podes dizer que. Não me culpes. Não atires assim as palavras como setas. Que não quis magoar-te. Não quis atingir-te. Não atinjo nada afinal. Não penses que. Não penses.
Toda eu coração.